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Comprovada a Eficácia de 'Células Assassinas' Contra Leucemia




Dados da entidade mostram que, em 2020, 10,8 mil pessoas foram diagnosticadas com leucemia em todo o Brasil. Um ano antes, a doença vitimou 7,3 mil pessoas.


A leucemia mieloide aguda é um dos tipos mais agressivos de câncer, atingindo o sangue e a medula óssea. O tratamento de quimioterapia procura destruir as células e impedir que elas atinjam o sistema nervoso. Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).


Um estudo brasileiro publicado em setembro na plataforma PubMed, da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, comprova a eficácia de células natural killers (NK, ou, em português, "assassinas naturais") no tratamento de leucemia aguda. A pesquisa, liderada pela professora Lucia Silla, foi realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).



Conforme a pesquisadora, as células NK são parte dos glóbulos brancos, os leucócitos, que fazem a defesa do organismo. Nesse caso específico, elas reconhecem outras células infectadas por vírus ou tumores e atuam para destrui-las.


O estudo, autorizado pela Comissão de Ética em Pesquisa do HCPA e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), envolveu 13 pacientes com leucemia mieloide aguda, que tiveram resposta positiva ao tratamento.


"Esses pacientes já tinham sido, na maioria, submetidos a transplante de medula óssea e a doença voltou depois. São doentes com uma doença muito avançada. Nós conseguimos observar resposta na maioria deles, cerca de 80%, e com uma sobrevida importante", ressalta Silla.


Essa pesquisa necessita de uma licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A professora afirma que o processo deve levar, ao menos, um ano.


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O Estudo


A médica especializada em hematologia explica que essas células já são presentes no corpo humano, nos defendendo de cânceres e outras doenças.

"Até que chega um determinado câncer num determinado momento da vida, com estresse, situações especiais, a idade avançada, e essas células são totalmente paralisadas pelo câncer", comenta Lucia Silla.


Segundo o estudo, as células natural killers são retiradas de doadores, normalmente de familiares, e postas em cultura antes de serem infundidas no paciente. As "assassinas naturais" estimulam outros glóbulos brancos no combate a leucemia.


A professora Lucia Silla afirma que esta é a primeira pesquisa do tipo realizada no mundo. Em um dos pacientes, foi detectado que a célula atuou no sistema nervoso central.


"Nós começamos a infundir a célula, o paciente sentiu uma dor de cabeça intensa. Nós tomografamos, descobrimos que havia a doença também no sistema nervoso central e que as células estavam lá, fazendo uma área importante de inflamação. Dias depois, essa inflamação desaparecia junto com a leucemia. Essa foi a primeira descrição no mundo de tal efeito", explica.

Lucia Silla ressalta o papel do investimento público na ciência e ressalta que o tratamento, mais barato que os usuais, poderá ser oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS).


A pesquisa também é assinada por Vanessa Valim, Annelise Pezzi, Maria da Silva, Ianae Wilke, Juliana Nóbrega, Alini Vargas, Bruna Amorin, Bruna Correa, Bruna Zambonato, Fernanda Scherer, Joice Merzoni, Leo Sekine, Helen Huls, Laurence Cooper e Alessandra Paz, além do pesquisador Dean Lee, do MD Anderson Cancer Center, de Houston, nos Estados Unidos.


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